8 ou 80
- Ana
- 15 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de jul. de 2020
Todo mundo já ouviu a expressão "É 8 ou 80" pelo menos uma vez na vida. Ela fala sobre extremos, e é comumente usada para descrever pessoas que não tem meio termo ao tomar decisões. Ou gosta, ou não gosta. Ou tudo, ou nada.
Vivemos em um mundo 8 ou 80. Isso ficou mais evidente com a ascensão do uso das redes sociais. O posicionamento ficou fácil. É só postar e milhares de pessoas ficam sabendo o que estou pensando. Seja 8, ou seja 80.
Doce ou salgado. Preto ou branco. Rock ou sertanejo. Sushi ou churrasco. Inter e Grêmio. Frio ou calor. Esquerda ou direita. Romance ou terror. Existem inúmeros "8 ou 80" em nossas vidas. E nas vidas das outras pessoas também. Sempre vai existir algo que eu goste muito e algo que eu não goste de maneira alguma.
Mas como minha mãe sempre diz, o que seria do vermelho se todo mundo gostasse do azul? E não é porque eu gosto de vermelho, que quem gosta do azul está errado. É questão de perspectiva.
Nossos gostos e opiniões são moldados pelos acontecimentos em nossas vidas. Pelo que aprendemos e pelas nossas crenças. E temos o ímpeto de defender isso. Porque assim estamos defendendo a nós mesmos.
Todos os "8" estão certos? Não. Todos os "80" estão certos? Também não. Não existe um "certo" quando se trata de opinião. Mas, as opiniões devem ser formadas a partir de informações corretas e verdadeiras.
Não é porque uma pessoa tem a opinião diferente da minha que ela está errada. Aqui entra uma palavra que é extremamente importante para viver em sociedade: Respeito. Mesmo não concordando, eu preciso respeitar a opinião do outro. Ela foi formada pelas convicções e gostos daquela pessoa.
Agora, se a opinião da outra pessoa foi formada com base em informações erradas, informações falsas, eu posso querer mostrar a verdade para ela. Quantas vezes não gostamos de uma pessoa por coisas que ouvimos falar dela, ou por "não ir com a cara" dela? E quando a conhecemos mudamos de ideia.
Somos seres em constante evolução. Somos livres para mudar de ideia.
Percebo hoje uma briga de egos. A minha opinião é a única válida, e eu preciso desmerecer a opinião do outro para consagrar a minha. Eu nem mesmo escuto, ou leio, a opinião do outro. E quando falo escutar ou ler, estou dizendo prestar atenção, refletir sobre o assunto.
E na verdade, discutir sobre os assuntos deveria acrescentar e não separar. Mas para isso é preciso respeito. Uma coisa que o ego muitas vezes anula. Precisamos estar certos. Precisamos nos auto afirmar. E por isso nos unimos com pessoas que possuem o pensamento parecido com o nosso, e nos afastamos, ou até atacamos, quem pensa diferente.
Mas conviver com pessoas diferentes, que pensam diferente, vivem diferente, é agregador. Inspira o nosso crescimento. Produz pensamentos novos, experiências novas. Nos faz exercitar a empatia e o respeito. Coisas que faltam muito no mundo hoje.
E isso me faz pensar que ser "8 ou 80" não pode ser cruel. E muitas vezes, ser "40" pode ser melhor.
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