A Tia das Plantas
- Ana
- 14 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de ago. de 2020
Esse distanciamento social me transformou no que eu mais temia. A tia das plantas. Aquela que pesquisa na internet sobre as plantas, que pede muda pra todo mundo e que já espalhou plantas por toda a casa.
Estou me "especializando" em suculentas. Elas são como a fênix, ressurgem das cinzas. Basta uma folhinha caída para já nascer outra plantinha. É incrível. Além de não requererem cuidados extremos.
Eu nunca dei muita sorte com plantas. A primeira planta que eu tive foi uma palmeira ráfia, num vaso grande e bonito no canto da sala. Na floricultura a pessoa que me atendeu disse que é uma planta muito resistente e fácil de cuidar. Acreditei nela. E matei a planta em um mês. Não sei se foi muita água, ou pouca água. Sei que ela não sobreviveu a minha primeira experiência como cuidadora de plantas.
Mas agora, já estou me aventurando novamente. E até uma palmeira em um vaso eu tenho novamente. Uma hortinha com temperos. E vários vasos com suculentas. Nada morreu até agora e me sinto passando para a fase dois na "especialização" em plantas.
Mas sabe o que mais me surpreende nas plantas? É o aprendizado que temos com elas.
Li uma vez na internet que nós somos basicamente plantas com sentimentos. Precisamos de água, de luz do sol, de nutrientes. E é uma grata verdade. Somos seres complexos, mas que possuem necessidades básicas, como qualquer ser vivo.
E pensando bem, nossos relacionamentos também são como plantas. Não adianta simplesmente ter uma planta. Ela tem que ser regada e nutrida. Ela precisa de um espaço confortável e livre para crescer e se desenvolver. Ela precisa ser tratada com carinho e respeito. Precisamos retirar as folhas, galhos e flores velhas, para que novas nasçam, trazendo beleza novamente a planta.
Assim são as pessoas. Assim são os relacionamentos. Requerem cuidados, requerem espaço, e requerem renovação.
Estamos em uma época que tudo que quebra é simplesmente jogado fora. É mais fácil e rápido. É assim com copos. É assim com pessoas.
Mas gosto da ideia de que as coisas possuem conserto. É só tentar consertar. Quase tudo tem segunda chance. Assim como eu com as plantas.
Mas quando a planta morre ou o copo quebra, e não há mais conserto, não há mais o que fazer, precisamos "jogar fora". Assim abrimos espaço para o novo. Isso se chama desapegar. Isso se chama evoluir.
E quem diria que eu iria me tornar a tia das plantas?
Comments