Lista de prioridades atualizada com sucesso
- Ana
- 19 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Por que parece que existe uma lista de ações a serem executadas, numa mesma ordem de prioridade, por todas as pessoas existentes na face da Terra?
Quando estamos na escola, o tempo todo alguém pergunta o que queremos ser quando crescer. Como se fosse uma obrigação saber essa resposta desde criança. No meu caso, eu decidi aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo o que eu iria fazer quando o ensino médio acabasse. E não me arrependo de tantas vezes ter respondido "não sei" as muitas perguntas que faziam.
Entrei na faculdade, achando que as perguntas cessariam, pelo menos por um tempo. Mas ai vem outro questionamento: quando vai se formar? Se você se forma no "tempo certo" do curso, as pessoas acham rápido. Se você demora para se formar, as pessoas fazem piadinhas.
Eu comecei a namorar durante a faculdade, e quando me formei, o questionamento mudou: e quando vai casar?
Num ano eu me formei, e no ano seguinte meu namorado se formou. O questionamento sobre o casamento ficou mais intenso. Um ano após os dois estarem formados, nos casamos. Foi simples e lindo, do jeitinho que planejamos. Pensei então que os questionamentos acabariam, mas as pessoas tem uma ordem exata na cabeça, e os questionamentos nunca acabam.
Quando vão ter filhos? Quando vem o herdeiro? Essas foram as perguntas que recebemos depois do casamento. Mas ainda faltava a casa própria. Então as pessoas "entendem" porque você ainda decidiu não aumentar a família.
Há um pouco mais de um ano terminamos de construir nossa casa e nos mudamos. Agora não falta mais nada, pensaram as pessoas, e os questionamentos voltaram a ser mais intensos.
Seis anos de casamento, mais de trinta anos de idade, casa própria, vida financeira estável (pelo menos por enquanto, nunca se sabe), duas cachorrinhas, grama no jardim. Tá faltando alguma coisa?
Para algumas pessoas, está faltando uma criança. E percebemos isso pelas perguntas insistentes. Mas e para nós?
Eu segui o que a sociedade diz ser o "caminho normal". Mas esse caminho é normal para quem?
Eu segui esse caminho pelas escolhas que eu fiz, e não me arrependo de nenhum passo dado. Mas nem tudo tem que ser na "ordem certa", porque essa ordem não existe. Cada pessoa é única, e trilha um caminho só seu. Faz escolhas, tem erros e acertos. Cada um tem seu tempo, e há tempo pra tudo na vida.
Eu já não me importo mais com as perguntas sobre filhos. No nosso tempo vamos decidir ter, ou quem sabe não ter, filhos. Mas o que me incomoda mesmo são as pessoas acharem ter o direito de fazer essas perguntas. E de julgar as respostas.
Eu já fiz essas perguntas para alguém? Já! Me achava no direito, pois me perguntavam também.
Hoje percebo que não tenho esse direito. As etapas que cada um vive só depende de si mesmo. As minhas perguntas mudaram. Elas estão mais ligadas em saber se a pessoa é feliz com a sua vida e suas escolhas, do que com que etapas ela está cumprindo.
Respeito ao próximo. Respeito as escolhas do próximo. Respeito as minhas próprias escolhas. Respeito a lista de prioridades de cada um.
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