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Nos tempos do Ariri Pistola

  • Foto do escritor: Ana
    Ana
  • 4 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 6 de ago. de 2020

Todo mundo já ouviu alguém usando a expressão "Nos tempos do Ariri Pistola". E se não ouviu, está ouvindo agora. É uma expressão muito usada por pessoas mais velhas para falar sobre algo que aconteceu a muito tempo atrás.


E eu pensava, quem é Ariri Pistola? Para minha curiosidade, não é que o cara existiu mesmo!


Ele nasceu em 1869 e morreu em 1900. Virou lenda no Nordeste brasileiro. Foi um desbravador que um pouco antes de cometer suicídio usando sua pistola, saiu pelas ruas gritando que iria cometer "Arakiri" (prática de suicídio japonesa). Então, ao serem questionados sobre o que aconteceu, o povo respondeu que ele havia cometido "Ariri" com sua pistola. Mas o que deixou ele famoso é que minutos depois da sua morte choveu torrencialmente em toda a região. E todos ficaram gratos ao inusitado "Ariri Pistola".


Quando penso na minha vó, lembro dela sempre contando histórias que iniciavam com "Na minha época...", ou "Quando eu tinha a tua idade...", ou ainda "Lá nos tempos do Ariri Pistola".


Como minha vó conheceu essa expressão? Nunca perguntei. Mas que ela iniciava muitas das histórias assim, ah! Ela iniciava!


Achava fantástica a facilidade com que ela lembrava das histórias de infância, mas não lembrava do que tinha comido no almoço. E me perguntava se isso aconteceria comigo, lembrar com tanta saudade do que se viveu. Do passado.


Nós vivemos o presente, moldados pelas lembranças do passado e ansiosos pelo futuro. Mas será que vivemos realmente o presente?


Minha vó viveu no passado durante muitos anos no fim de sua vida. O Alzheimer a levou para as melhores lembranças que ela tinha, gosto de pensar assim. Mas algumas pessoas passam uma vida planejando e aguardando o futuro. Um futuro que pode nunca chegar.


Vivemos de "amanhã eu faço", "semana que vem eu vejo", "mês que vem vai ser melhor", "ano que vem eu vou".


Agostinho já dizia, em 1964, "[...] o passado e o futuro, como eles podem ser, se o passado não é mais, e o futuro ainda não é?". "Talvez fosse mais certo dizer-se: há três tempos: o presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro, porque essas três espécies de tempos existem em nosso espírito e não as vejo em outra parte. O presente do passado é a memória; o presente do presente é a intuição direta; e o presente do futuro é a esperança."


Precisamos aproveitar o tempo presente, vivê-lo. O futuro é desenhado nas ações de hoje, e é incerto. O momento que estamos vivendo confirma isso. Quem colocou em seus planos viver uma pandemia em 2020? Por mais planos e metas que fazemos, pode vir uma tempestade e virar tudo de cabeça para baixo. E as coisas podem acontecer melhor do que o planejado, ou não.


Quem vai saber?


Todas as histórias que vivem em nossas lembranças, todas as memórias que passam como filmes em nossas cabeças, foram feitas vivendo o presente. Então me pergunto: Que tipo de memórias eu estou criando hoje?


Podemos pensar no futuro e, também, lembrar do passado com saudade, mas não podemos esquecer de viver o presente. Ele é o único tempo que podemos mudar, desenhar, colorir, sonhar. Ele é o nosso legado.

 
 
 

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