Será que com 11 anos eu vou pra Hogwarts?
- Ana
- 10 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de ago. de 2020
A maioria das pessoas que me conhecem sabe que adoro o mundo do Harry Potter. Por que gosto tanto? Nem eu sei bem... Só sei que quando eu tinha uns 11 anos fui apresentada aos livros da J.K. Rowling. Devorei os 7 livros em tempo recorde. Me lembro que ia numa livraria do centro da minha cidade alugar os livros, um por vez, e podia ficar com eles por 7 dias.
A minha imaginação transcendia aquelas páginas. Eu vivia as histórias junto com os personagens. Quando lançaram o primeiro filme no cinema eu estava muito ansiosa. Imagina ver na telona toda a minha imaginação em um filme? Foi uma das coisas mais decepcionantes que aconteceram. O filme não retratava nem 30% da minha imaginação. Hoje eu entendo que nem tudo que nós imaginamos é possível de transformar em realidade, mas na época eu fiquei decepcionada.
Na história, para situar quem não conhece (já que meu marido fala que só eu gosto tanto assim de Harry Potter), quando a criança alcança a idade de 11 anos ela recebe uma carta chamando-a para estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Então ela inicia seus estudos para se aperfeiçoar como bruxo.
Quando criança, eu ficava pensando se algum dia eu iria receber uma carta de algum lugar, me convidando a estudar ou trabalhar com algo diferente (magia seria uma ótima opção não?).
Só que a nossa "carta para Hogwarts" vem pela seguinte pergunta que nos fazem desde muito novos: O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?
O perguntinha chata!
Quando criança nem tanto, porque a resposta era mais simples. Eu por exemplo primeiro queria ser escritora. Depois, caixa de supermercado. E por último queria ser médica. E levei essa ideia até mais ou menos meus 14 anos, quando descobri um medo absurdo de ver sangue. Me lembro como se fosse hoje. Eu tinha um namorado que sofreu um acidente e cortou um dedo, bem feio era o ferimento. Fui com ele em uma das trocas de curativo no hospital. Enquanto a enfermeira ia desenrolando a atadura, o sangue ia aparecendo nas camadas mais próximas ao ferimento, e junto minha visão ia ficando embaçada. Eu quase desmaiei antes de chegar a ver o ferimento propriamente dito. Então percebi que ser médica não era pra mim. Sangue era um grande problema.
Só que com 14 anos, as pessoas já esperam que você tenha uma ideia do que ser quando adulto. Eu não tinha. Será que alguém tem de verdade?
No último ano do Ensino Médio eu decidi juntar duas coisas que eu gostava muito de estudar para decidir o que fazer na faculdade: Matemática e Meio Ambiente. Fiz o Enem e me inscrevi para uma bolsa em Engenharia Ambiental. Passei. E cinco anos depois estava eu lá com um canudo na mão. Uma Engenheira de 23 anos.
O mercado de trabalho é duro para profissionais recém formados e sem experiência. Ainda mais quando se é tão jovem. Eu aproveitei todas as oportunidades que surgiram e coloquei a "mão na massa".
Mas quando jovem nós não temos a mínima noção de como funciona o mercado de trabalho. Nós não temos tanta certeza do que queremos fazer para o resto da vida. Nós ficamos com muitas dúvidas. Fazer um curso que dá dinheiro ou um curso que dá prazer? Fazer faculdade ou trabalhar? Quem sabe fazer um curso técnico para ter retorno mais rápido? Vou seguir a profissão dos meus pais ou seguir por outro caminho?
Tantas dúvidas.
Com 17 ou 18 anos não temos maturidade o suficiente para ter todas essas respostas. E não faz mal. Existe uma vida toda para acertar.
Quem sabe a profissão que pensei ser a ideal para mim aos 18 anos, quando chegar aos 30 anos não vai ser mais. E tudo bem. Ninguém precisa ter toda essa certeza aos 18 anos. Alguns vão trabalhar uma vida inteira no mesmo emprego, e outros vão "pular de galho em galho" até achar uma profissão adequada as suas expectativas. E tudo bem.
Alguns vão se sentir confortáveis com a estabilidade que alguns empregos proporcionam, e outros vão ser empreendedores e abrir suas próprias empresas. E tudo bem.
Alguns vão ter mais de um emprego, e outros vão demorar a encontrar o primeiro emprego. E tudo bem. Alguns vão sair da faculdade já empregados e outros vão demorar procurando emprego na área. E tudo bem.
Alguns vão chegar aos 30 anos com todos os planos realizados, e alguns vão começar a planejar nessa idade. E tudo bem. Alguns vão sonhar em ser gerentes, diretores, coordenadores, e com altos salários. Outros vão ficar realizados em trabalhar com algo que goste, mesmo que o salário não seja tão alto. E tudo bem.
Tudo bem eu não ter recebido minha carta para Hogwarts aos 11 anos. O que importa é que o caminho que trilhei até aqui (meus trinta e poucos anos) me deixa orgulhosa de mim mesma. Eu olho para trás e não mudaria nada do que vivi desde que comecei a estudar com 6 anos até meu último emprego.
Tudo o que eu vivi me fez ser quem eu sou hoje. Me fez estar onde estou hoje.
E se me perguntarem hoje, o que eu quero ser quando crescer? Eu ainda não tenho certeza da resposta. E tudo bem. Porque tudo o que eu viver vai ajudar a moldar o meu futuro.
Encarar as oportunidades, não ter medo de arriscar. O nosso futuro só depende de nós, e do quanto estamos dispostos a lutar por ele. Existem muitos caminhos a seguir. Qual é o seu caminho?

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