Água quente da saudade
- Ana
- 21 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 20 de ago. de 2020
Uma das coisas que mais sinto falta com esse distanciamento social é de dividir o chimarrão.
Mesmo muitas pessoas falando que é anti higiênico, eu adorava tomar chimarrão em uma roda de amigos, onde a cuia vai passando de mão em mão enquanto conversas e risadas acontecem.
Ninguém é triste em uma roda de chimarrão.
Agora, tomar chimarrão sozinho é algo difícil de se acostumar. Pelo menos pra mim.
Esquentar a água, preparar a erva na cuia e servir envolve tanto carinho e cuidado, que precisa ser compartilhado.
Eu aprendi a tomar chimarrão com a minha vó quando eu era criança. No início eu achava muito quente e amargo. Então minha vó tomava sozinha algumas cuias, e depois deixava a água amornar um pouco e colocava uma colherinha de açúcar na erva. Nós passávamos a tarde tomando aquela água morna com açúcar. Como era bom.
Depois eu evolui tomando a água na temperatura normal de chimarrão, mas ainda com açúcar. E depois passei a tomar o chimarrão junto com os adultos, com água quente e sem açúcar. Viciei.
Minha família tem o costume de, em dias frios, fazer o mate doce. O mais tradicional é feito temperando a água com diversos chás, mel, limão e açúcar. Na cuia, a erva é enfeitada com canela e cravo. É uma delícia.
Depois minhas primas foram inserindo novos tipos de mate doce, e veio o mate de leite. Onde ao invés de água você usa leite! A ideia é a mesma, temperar o leite e adoçar. E dessa ideia surgiu a mais inovadora. Para que adoçar o leite com açúcar, se existe leite condensado? E assim começamos a tomar o mate de leite condensado.
Seja mate doce, ou seja chimarrão, eu sinto gosto de infância quando tomo. E por isso hoje o chimarrão faz parte da minha vida.
Não importa a hora. Não importa o lugar. Sempre é bom desfrutar dessa bebida.
E dá saudade.
De dividir o chimarrão em uma roda de amigos.
De tomar chimarrão com a minha vó.
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